Definida como sendo uma conjugação entre a perceção que uma pessoa tem do seu próprio corpo e os pensamentos e sentimentos que resultam desta perceção, a Imagem Corporal é sempre influenciada por fatores individuais e ambientais.

Efetivamente, a Imagem Corporal é muito mais do que representação mental que temos do nosso corpo, sendo simultaneamente a forma como vemos e pensamos o nosso corpo e a forma como acreditamos que os outros nos veem. Como tal, qualquer desequilíbrio que surja terá que ser sempre analisado de forma holística e integracionista, sendo sempre muito importante, levar-se em consideração as variáveis como:

- O que o paciente acredita ser a própria aparência (incluindo suas memórias, suposições e generalizações);

- O que o paciente sente em relação ao seu próprio corpo, incluindo fatores como: altura, forma e peso;

- Como é estabelecido o controlo o corpo;

- Como é que o paciente encara o corpo perceptualmente (a imagem corporal não é sempre é uma representação correta de como somos na realidade).

- Como é que o paciente se sente relativamente ao seu corpo (quantidade de satisfação ou insatisfação que se sente relativamente à forma em geral, ao peso global e às características das partes individuais do corpo.

- Como é pensado e intelectualizado o corpo pelo paciente (imagem corporal cognitiva).

Deste modo, a imagem corporal positiva ocorre quando uma pessoa é capaz de aceitar, apreciar e respeitar seu corpo, sendo muito importante porque é um dos fatores de proteção que podem tornar uma pessoa mais resistente aos distúrbios psicológicos mais comuns na sociedade moderna (Depressão, Ansiedade) por se correlacionar diretamente com:

- Autoestima (que dita como uma pessoa se sente relativamente a si mesma, podendo influenciar todos os aspetos da vida, e contribuir para a felicidade e bem-estar);

- Autoaceitação ( que torna a pessoa mais propensa a se sentir confortável e feliz com a forma como as pessoas próximas a enxergam e menos propensa a sentir-se impactada tanto por imagens irreais nos meios de comunicação, tanto pelas pressões sociais para se definir de determinada maneira) e com

- Perspetivas e Comportamentos Saudáveis (sendo muito mais fácil levar um estilo de vida equilibrado, com atitudes e práticas relativas à alimentação e exercício quando se está em sintonia com às necessidades reais do corpo).

Deste modo, partindo dos conceitos anteriormente descritos, facilmente concluímos que as Perturbações de Imagem Corporal surgem quando existe uma perceção distorcida da forma corporal que leva o sujeito a acreditar que apenas as outras pessoas são atraentes e que seu tamanho corporal ou forma é um sinal de fracasso pessoal.

Sendo importante referirmos que por norma, as pessoas com imagem corporal negativa têm uma maior probabilidade de desenvolver transtornos alimentares e são mais propensas a sofrer de sentimentos de depressão, isolamento, baixa autoestima, e obsessões com a perda de peso e/ou com a recuperação da parte do corpo que menos gostam.

Sendo perfeitamente compreensível que quando uma pessoa apresenta pensamentos negativos e sentimentos nefastos acerca o seu próprio corpo, ela pode desenvolver uma insatisfação corporal, que apesar de ser um processo de caráter fundamentalmente interno, pode ser influenciado por vários fatores externos, de que são um bom exemplo: a família, os amigos e os meios de comunicação (pelo facto de terem um forte impacto sobre a forma como uma pessoa vê e sente sobre si mesma e sobre a sua aparência).

Sendo igualmente importante referirmos que os Indivíduos que vivem em ambientes onde a aparência “idealizada” é valorizada demasiadamente (ex: industria da moda), ou aqueles que recebem um feedback negativo sistemático sobre sua aparência, apresentam um risco muito maior de apresentar uma insatisfação corporal.

Para além do que referimos anteriormente, é igualmente importante atendermos a fatores específicos que tornam algumas pessoas mais propensas a desenvolver uma imagem corporal negativa do que outros:

- Idade - a imagem corporal é frequentemente formada durante o final de infância e adolescência, mas a insatisfação corporal pode afetar pessoas de todas as idades e é tão prevalente na meia-idade, quanto na juventude e idade adulta nas mulheres

- Sexo - as adolescentes são mais propensas a insatisfação corporal que os adolescentes do sexo masculino; no entanto, a taxa de insatisfação corporal em homens está se aproximando rapidamente da das mulheres Baixa autoestima e / ou depressão

- Traços de personalidade - pessoas com tendências perfeccionistas, grandes empreendedores, pensadores do tipo rígido ( ‘preto e branco’, ‘tudo ou nada’), aqueles que internalizam ideais de beleza e aqueles que muitas vezes se comparam aos outros, correm um risco maior de desenvolverem insatisfação corporal

- Bullying - pessoas que foram ou são ridicularizadas ou humilhadas por conta da sua aparência / peso, independentemente do tipo de corpo real, têm um risco maior de desenvolverem insatisfação corporal

- Amigos e familiares que constantemente fazem dieta e/ou possuem e expressam uma preocupação excessiva em relação a imagem corporal 

- pessoas que servem de “exemplo e modelo” como pais e amigos, e que expressam preocupações excessivas com a imagem corporal e perda de peso, podem aumentar a probabilidade de um indivíduo desenvolver a insatisfação corporal independentemente do tipo de corpo real

- Tamanho do corpo - numa sociedade extremamente preocupada coo o peso e imagem, um tamanho corporal maior aumenta o risco de insatisfação corporal.

Deste modo, tendo em consideração a complexidade do processo que conduz à construção e solidificação da Imagem Corporal que os seres humanos desenvolvem ao longo da sua existência, o recurso a um método de intervenção psicoterapêutico que foca a sua atenção nos fenómenos inconscientes da mente (HIPNOSE CLÍNICA), constitui uma mais-valia irrefutável por contribuir para que o processo de recuperação seja bem mais célere, do que é verificado nas situações em que só são trabalhados constructos conscientes.