A luta contra os vícios, sejam eles quais forem, acarreta sempre um grande sofrimento e dificuldades inimagináveis durante os processos de cura habituais. Sendo uma verdade irrefutável que a dependência química do cigarro, de drogas, de bebidas e/ou de remédios causa sempre graves transtornos que são suscetíveis de impactar negativamente nos diversos setores da vida de um indivíduo e de sua família, afetando toda a dinâmica relacional e afetiva.
Simplificando bastante as coisas, atualmente (face aos conhecimentos científicos oriundo das modernas ciências neurológica, hoje apelidadas de Neurociências) podemos afirmar que os seres humanos tendem a desenvolver sempre algum tipo de processo de dependência, que funciona como um mecanismo fuga psicológica de carácter inconsciente que possibilita às pessoas encontrar uma escapatória mais fácil de situações de ansiedade, depressão, medo, stresse e insegurança.
Contudo, sabemos que na esmagadora maioria das vezes, a droga (no seu conceito mais amplo, englobando: álcool, drogas, medicamentos, tabaco...) constitui um caminho ilusório e perigoso que a pessoa encontra para fugir daquilo que causa os desconfortos anteriormente citados. No entanto e apesar disso, no desespero, os "viciados" não percebem que estão, apenas e só, a aumentar e a encobrir um problema mais profundo, que precisa ser tratado adequadamente.
Sendo importante referirmos que a este nível, a Hipnose constitui um importante aliado na cura de praticamente todas as dependências químicas (sendo especialmente eficaz no caso do Tabagismo e do alcoolismo) desde que o paciente esteja disposto a encarar a técnica de forma positiva e motivada, não sendo suficiente a família tomar essa decisão por ele, como muitas vezes acontece, conduzindo a resistências terapêuticas inultrapassáveis por qualquer técnica que se possa utilizar.
Em termos práticos, durante o processo de hipnose (mais uma vez de forma muito simplificada), o paciente é sugestionado a viver de forma diferente/alternativa e saudável, longe das drogas e de tudo daquilo que lhe causa dependência, podendo ser levado a experienciar más sensações diante da droga, como náuseas, vómitos, dor, etc... de modo a que o hábito passe a ser encarado pelo inconsciente do paciente como algo que traz más sensações, e nenhum sentimento de conforto e bem-estar.
Estando-se a trabalhar diretamente com o inconsciente do paciente, as sugestões hipnóticas anteriormente referidas, possuem um impacto e uma magnitude tal, que vão fazer com que muito rapidamente o paciente comece a sentir uma real e notória aversão à droga. Sendo baste comum, que após algumas (normalmente 3-4 sessões) ao voltar do transe, o indivíduo fica com a dependência psicológica e/ou física que tanto o atormenta tratada, ou seja: a droga não será mais motivo de prazer e desejo, conduzindo, apenas e só a sensações de repugnância pura. A partir daí, a luta contra a dependência química será muito mais fácil e menos sofrida, pois o paciente não sentirá mais qualquer tipo de prazer ao consumir a droga.
Finalmente, sem colocar em causa a eficiência da hipnose, é importante que se refira, que uma vez alcançado o objetivo descrito no parágrafo anterior, o próximo passo - a manutenção do bem-estar e a repugnância à droga -, dependerá das influências do meio em que a pessoa vive e da pressão psicológica exercida pelos outros usuários. Sendo por isso fundamental que o paciente passe a viver num ambiente saudável e de bons exemplos, para que a luta não seja em vão. Ou seja, a Hipnose é fundamental para que um dos mais importantes passos seja dado (conseguir que exista aversão à droga e ao consumo), no entanto, o apoio da família e a condição de vida do paciente também precisam ser revistas para que o sucesso do tratamento seja sólido e duradouro.